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terça-feira, 24 de agosto de 2010

Teoria e auto-crítica

Teoria:
1 - Dividimos os desenhistas de quadrinhos em duas categorias: aqueles que têm mais técnica e qualidade formal (dominam anatomia, perspectiva e outros fundamentos do desenho em geral) e aqueles que, justamente por carecerem de técnica, investem mais na busca por um estilo próprio, privilegiando o grafismo, o movimento, o ritmo e a expressividade.

2 - Os desenhistas com mais técnica tendem a construir seus trabalhos (tiras, páginas, histórias inteiras) com maior esmero e detalhamento. Quanto mais se ocupam de um desenho, quanto mais se debruçam sobre seu acabamento, melhor é o resultado.

3 - Os desenhistas com menos técnica, ao contrário, detalham menos seus trabalhos. Quanto mais tempo investirem no desenho, mais evidenciarão possíveis deficiências técnicas. Assim, quanto mais rápido estes desenhistas executam seus trabalhos, melhor será o resultado.

4 - Exemplos universais de desenhistas técnicos: Jack Kirby, Alex Raymond, Luiz Gê, Carl Barks, Moebius, Uderzo.

5 - Exemplos universais de desenhistas gráficos: Henfil, Crumb, Schulz, George Herriman, Beto Hernandez, Vuillemin.

6 - Evidentemente, desenhistas pertencentes a um grupo podem - e devem - estudar e se aprofundar em quesitos do outro grupo. Robert Crumb, por exemplo, nos anos 60 era um desenhista tecnicamente limitado, mas expressivamente explosivo. Décadas se passaram e seu traço é seguro e até fotográfico em alguns momentos.

7 - Conclusão: desenhistas técnicos têm que ter um ritmo de produção mais lento do que os desenhistas gráficos.

Autocrítica:
Apesar de eu produzir muito pouco (sou um eterno quadrinista diletante), quando produzo o faço de sopetão. As tiras que venho publicando neste blog, por exemplo, são feitas de uma só vez: dez minutos para o lápis, dez minutos para a tinta, e não passamos de meia hora, do início ao fim da tira, com letreiramento e tudo. Eu notei que, se me preocupo demais em trabalhar os desenhos, se me atenho a questões básicas de anatomia, por exemplo, perco o fio da meada. A história perde o ritmo, não flui. Os personagens perdem a expressividade, coisa que eu considero fundamental para o bom andamento de uma hq (junto com o movimento).

Um comentário:

  1. Prezado,

    Voc~e citou Jack Kirby como um ex de desenhista técnico e na conclusão aponta que os desenhistas técnicos têm que ter um ritmo de produção mais lento. Entretanto, o ritmo de produção do Kirby era alucinante.

    Qual sua avaliação a respeito?

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