Fica na R. Espírito Santo, exatamente ao lado da loja Marisa. No mesmo trecho de rua, existem pelo menos três restaurantes com nomes e ambientação parecidos: poucas mesas e privilegiando os bancos para almoçar sentado ao balcão. Este tipo de restaurante incentiva a rotatividade da clientela, o que, em se tratando de locais que ganham dinheiro exclusivamente com almoço, é bem adequado.
O cardápio é grande em comparação com outros PF’s da região: pode-se almoçar, a qualquer dia, peixe, frango grelhado ou à milanesa, salada mista etc. Pela quantidade de pessoas almoçando simultaneamente (mais de 50, entre pessoas sentadas ao longo do balcão e nas mesas), e também pela variedade do cardápio, penso que a cozinha do Mineirinho seja bem grande.
Fiquei na dúvida entre a feijoada típica das sextas-feiras em restaurantes do centro e o kaol. Para efeito de comparação entre um “falso” kaol e o legítimo – que eu almoçara alguns dias antes, no Palhares – resolvi experimentar a versão do Mineirinho.
Enquanto aguardava, notei impaciência por parte de muitos clientes: sinal de que estava demorando. No meu caso, a espera não foi maior do que 5 minutos, tempo razoável. O suficiente para que eu esvaziasse metade da Brahma, servida corretamente (gelada, com isopor e em copo americano).
Como apresentação, o prato estava ok. Arroz branco e couve por baixo, por cima um pedaço não-generoso de linguiça, o ovo estalado e com a clara ligeiramente mole sobre a linguiça, e, sobre tudo isso, uma colherada de molho ao sugo – influência óbvia do tradicional Palhares, inventor do kaol. A diferença – fatal – é que o sugo do kaol legítimo é exatamente isso: molho ao sugo, tomate. No Mineirinho, o molho é bolonhesa, o que transformou o prato numa excessiva e desnecessária mistura.
A comida até estava temperada satisfatoriamente. O grande problema foi o cozimento – ou a falta dele – e a qualidade dos produtos. A couve veio crua – até gosto, mas acho que ela deveria vir refogada, temperada com alho frito, como manda o protocolo. O arroz, por sua vez, estava terrivelmente cozido, creio que à maneira dos macrobióticos quando fazem aquela dieta do arroz famigerada. Os grãos estavam inchados de tão cozidos. A linguiça, por fim, era de supermercado, daquelas ensacadas a vácuo em embalagens industriais. Não era um produto da roça, como deve ser uma boa linguiça calabresa, ou de lombo, ou de frango que seja.
Bem, como eu tava com fome, mandei tudo para dentro sem um mínimo de cerimônia, mas preciso dizer que houve certa decepção com o estabelecimento. Geralmente, quando vejo um restaurante cheio como o Mineirinho, inclusive com fila para sentar, a impressão é boa. Porém, darei o veredicto definitivo da próxima vez que eu for ao local – acredito que, para ser julgado de forma adequada, deve-se visitar o restaurante ao menos duas vezes.
Classificação
Consumo – Um prato de kaol (couve, arroz, ovo e linguiça) e uma Brahma.
Atendimento – Bom. As várias garçonetes são sisudas (devem ganhar mal), mas são atentas e velozes.
Local – Razoável
Preço – Bom. Paguei 4,90 pelo prato.
Talheres – Velhos. A faca tava cega. Porém devidamente limpos.
Cerveja – Como já citado, tava jóia.
Comida – Bela merda.
(publicado no Blog da Graffiti, em novembro de 2008)